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Indignação com carnificina de presos em Manaus é da boca prá fora


Por Raimundo de Holanda

05/01/2017 22h50 — em
Bastidores da Política



O massacre ocorrido em presídio de Manaus provocou idas e vindas de autoridades do Executivo e do Judiciário  ao Estado. Muitas reuniões, formação de comissões de sindicância e o anúncio de mais recursos para a construção de presídios.

Nada de novo. A mesma reação equivocada que faz do sistema carcerário terra de ninguém e um caldeirão de conflitos.  

A tragédia do Compaj não serviu para mostrar aos poderes da República que a cultura da prisão fracassou.

Que prender é problema, não solução.

Que prisão sem a anuência de um juiz não é justiça. É vingança: que se dá em vários niveis...

Por influência do vizinho, que é amigo do policial  e destila  seu ódio contra aquele que contrariou seus interesses comezinhos;

Do patrão que acha que o empregado roubou e quer vê-lo preso;  

Dos super - homens da comunicação,  que acham que representam um poder e a verdade é a que dizem, não aquela que os outros dizem. 

Lamentavelmente, nem a  Ministra Carmem Lúcia (que passou por Manaus  e se disse indignada com a carnificina do Compaj)  lembrou  que a solução é  acelerar as audiências de custódia, recurso que garante aos presos em flagrante serem levados  a um juiz, que avalia a causa da prisão, podendo  mantê-la, libertar o acusado ou  extipular uma pena alternativa. 

Essa  revolta com o episódio é da boca pra fora. Logo será esquecida. Até que surja  uma nova tragédia em qualquer parte do País...(RH)

PERITOS OPORTUNISTAS

A presença da Ministra Carmem Lúcia em Manaus mobilizou peritos do IML que paralisaram por horas suas atividades para protestar em frente ao Tribunal de Justiça. Reclamavam que antes da carnificina do Compaj não tinham equipamentos para trabalhar, mas que apareceram nas últimas 44 horas. Aproveitaram ainda para falar de data base e outras questões menos relevantes. Fizeram um papelão. Foram chamados de oportunistas nas redes sociais. 

 CONTRADIÇÕES 

No Planalto, o governo federal ‘patina’ em contradições, como a do ministro Alexandre de Moraes, que primeiro responsabilizou as autoridades do Amazonas pela carnificina do Compaj. Em seguida recuou e  apontou a empresa terceirizada como responsável. Já o presidente Michel Temer definiu o massacre como um “acidente pavoroso”.

Afora esses e outros ‘fantasmas’ que assombram o Planalto, uma coisa é certa: está acontecendo uma reconfiguração do crime organizado no País, bem maior do que se imagina. 

TRAGÉDIA E MILAGRE

A tragédia de Manaus, que resultou na chacina de 60 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, levou o Governo Federal a antecipar o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública, elaborado pelo Ministério da Justiça.

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A tragédia força o governo a voltar os seus olhos para o embate com o tráfico de drogas nas fronteiras. Em parceria com os estados, o governo federal  buscará acordos com os países vizinhos para que ajudem no patrulhamento contra a entrada de drogas e armas.

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O governo Tmer estuda o descontingenciamento de fundos para gerar recursos. No Norte, todos esperam que o tal plano não siga o caminho do malfadado projeto da ex-presidente Dilma Rousseff  que chegou a anunciar ações rígidas nas fronteiras, com vistas à Copa do Mundo de 2014, que nunca saíram do papel.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.