Interior do Amazonas quer atenção para os que ainda não morreram
Não dá mais para cruzar os braços. É preciso constituir urgentemente uma força tarefa para socorrer os municípios do Amazonas afetados pela Covid-19. Ou o governo faz isso agora ou terá que enterrar milhares de mortos nos próximos 90 dias.
O número de infectados, inclusive entre populações indígenas do Alto Solimões, é crescente, aliado a inexistência de uma rede hospitalar e de pessoal médico. Há um cenário de caos que precisa ser desconstruído antes que a doença atinja seu pico.
Se em Manaus já é difícil atender a demanda por UTIS, o interior está completamente desassistido.
O governo tem essa responsabilidade de se antecipar a uma dificuldade que está batendo à porta. É seu dever agir preventivamente, montando hospitais de campanha, inclusive com apoio do Exército.
Não é mais a Amazônia que está incendiando. É sua população que pode ser dizimada pela Covid-19.
Muito oportunamente, o prefeito de Manaus, Arthur Neto, fez essa comparação, ao pedir apoio internacional para o combate à doença na Amazônia.
Os que acharam sem sentido o apelo feito pelo prefeito à ativista sueca Greta Eleonora Ernman para ajudar a sensibilizar os países ricos da necessidade de apoiar os esforços para combater a pandemia na região, agora se dão conta que ele se antecipou a uma situação que deve interessar sim aos que só viam a Amazonia sob a ótica ambiental.
Chegou a hora de apoiar o homem da Amazônia, especialmente neste momento critico da história, no qual um vírus ameaça dizimar as populações ribeirinhas e indígenas da região.’
A hora é de agir. Esperar é deixar uma população inteira, que vive da terra, morrer.
ASSUNTOS: amazônia, Arthur Neto, COVID-19, Greta Eleonora Ernman, Coronavírus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.