Isolamento e fome na Amazônia
- É preciso a compreensão de que a maior ameaça ao meio ambiente é um homem faminto e isolado. Insistam nessa política arrogante e cruel para a Amazônia que formarão monstros que engolirão a floresta e o que restar sob o solo.
Fazia tempo que não passava pela Ponta Negra. Fiquei impressionado com o tamanho da praia e o recuo do Rio Negro. Enquanto o rio encolhe, a areia surge como sinalizando para um futuro previsível: menos água, menos vida. No Solimões começam a surgir bancos de areia formados por sedimentos que impedem o tráfego de balsas. O Rio Madeira, que arrastava resíduos da floresta, também está secando e corre preguiçosamente, formando poças transformadas em armadilhas para os peixes que começam a morrer.
No meio de tudo isso, o homem. Os rios na Amazônia são fontes de alimentos e estradas por onde circula a economia. Quando secam a consequência é o isolamento, a pobreza, a fome e o desespero.
É nessas horas que o discurso ambientalista tem que mudar. É preciso a compreensão que a maior ameaça ao meio ambiente é um homem faminto e isolado. Insistam nessa política arrogante e cruel que formarão monstros que engolirão a floresta e o que restar sob o solo.
Tem saída?Tem. Mas os governantes precisam ouvir primeiro os brasileiros, não os europeus que pilharam o país na sua origem, se apropriaram de suas riquezas e agora posam como defensores da floresta.
É necessário defender a floresta? É. Mas para os brasileiros, para os amazônidas. É preciso também manter a estrada alternativa para que a vida continue plena, com respeito ao meio ambiente.
Por mais que condenemos o golpe de 1964, pelas atrocidades cometidas, houve quem se preocupasse em romper o isolamento da região. A construção da BR 319 foi um passo importante, mas depois veio seu abandono criminoso.
A política ambiental do governo Lula, fundada em forte pressão de organismos internacionais, com interesses difusos, não pode subtrair o homem amazônico, ou negar-lhe o direito de viver com dignidade.
Foi oportuno, portanto, o desabafo do senador OmarAziz, ao responsabilizar diretamente pelo isolamento da região a ministra Marina Silva, cercada por conselheiros ligados a ongs e paparicada por governos europeus, cheios de más intenções.
ASSUNTOS: Amazônia, Manaus, Rio Amazonas, rio madeira, Rio Solimões, seca
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.