Essa eleição começa a parecer a eleição do chorume, do lixo viscoso e fétido. O que aparece em decomposição, no caso,  é uma parte minúscula da imprensa cooptada por interesses mesquinhos que nada contribuem com o processo eleitoral.

Ao expor dois senadores do Amazonas - Eduardo Braga e Omar Aziz - acusados de terem sido alvos de investigações na Lava Jato, sem fazer menção ao fato  de que ou foram inocentados ou apresentaram provas dessa inocência, em análise pelo Poder Judiciário, trilha um caminho perigoso, inclusive para seus financiadores.

 É perigoso julgar com antecipação. Não é o papel de uma imprensa séria, que se gaba de fazer um jornalismo isento e de qualidade.

 Não é tempo para isso. Se a política deve ser limpa, ambos os lados precisam demonstrar respeito e não usar  mídias compradas para ataques pessoais que apenas contribuem para desmoralizar a política e escandalizar os eleitores.

CAINDO NA ARMADILHA

Repórter é um bicho chato, que os políticos toleram. Eles  sempre têm uma perguntinha venenosa. Cair nessa armadilha é demonstrar insegurança. Nenhum candidato, com chances de vencer a eleição, pode admitir sequer a possibilidade de derrota e projetar, a partir daí, seu futuro político. Agindo assim, compromete o presente e torna o futuro nebuloso.

A possibilidade de perder a eleição existe para qualquer lado. Afinal, o eleitor é uma caixinha de surpresas. Mas o vencedor é sempre aquele tomado pelo otimismo, pela obsessão e pela perseverança.

Em tempos de redes sociais  os olhos são muitos e tudo o que é dito toma forma e se modifica a cada postagem. Não adianta dizer que não disse exatamente o que foi publicado, porque entre as mil versões  que  aparecem, obviamente não está a verdade. Não dá mais para explicar uma falha, nem desdizer o que foi dito.

Portanto, a bomba que pode explodir nas mãos de um candidato não está no adversário, mas em sua boca. É preciso policiar o que diz. A palavra, que "no princípio era o verbo" e tudo edificava, agora pode ser, em muitos casos, o fundo do poço.