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Justiça abre a válvula do cilindro de oxigênio para os órfãos da covid


Por Raimundo de Holanda

27/12/2023 20h33 — em
Bastidores da Política


  • A reparação chega pelas mãos de um juiz, mas deveria ser o compromisso dos governos que assumem erros, admitem falhas e estendem as mãos para o povo que sofre.

2021 foi um ano para ser esquecido, mas esquecer simplesmente seria ser cúmplice de uma tragédia anunciada. As mortes causadas por falta de oxigênio na rede de saúde em janeiro daquele ano revelavam a um só tempo despreparo, descaso  e um divórcio entre governantes e sociedade. 

Certamente que alguns argumentarão que o inimigo, um vírus, era desconhecido, mas havia uma inércia chocante do poder público, resultando em mais de 1.000 mortes nos primeiros 30 dias daquele ano. A causa: falta de oxigênio

Agora a Justiça Federal impôs um pesado ônus ao governo. Acaba de sair a primeira indenização  de uma família cuja mãe morreu em consequência da falta de oxigênio: R$ 1,4 milhão. Outras ações foram ajuizadas ou serão - há tempo para isso - e o resultado inevitavelmente será o mesmo - há vítimas, há comprovado emprego irregular de verbas públicas, desvios, prevaricação, concussão, omissão, combustíveis que provocaram o caos no sistema de saude e mortes. 

O estado do Amazonas  tem o dever de recorrer, mas tinha a obrigação de indenizar as vítimas sem a necessidade de medidas judiciais, criando um fundo para isso. Coisa que não fez.  

A omissão continuou. A justiça chega pelas mãos de um juiz, mas deveria ser um compromisso dos governos que assumem erros, admitem falhas e estendem as mãos para o povo que sofre. 

Veja também:

Família de vítima da Covid durante crise de oxigênio no Amazonas será indenizada em R$1,4 milhão

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ASSUNTOS: Amazonas, crise de oxigênio, Justiça Federal, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.