FDN x CV não é FLA X FLU. É uma combinação tóxica e perigosa
- Talvez essa seja uma boa hora para mudar o secretário de Segurança
- Crime organizado se infiltra na sociedade e faz a cidade refém do medo
A racionalidade cedeu lugar ao desespero. Já não se discute mais saídas para vencer a violência que tomou conta das ruas de Manaus - com assaltos, tiroteios e esquartejamento de homens e mulheres pelo tribunal do crime. Discute-se o impensável: se havia uma organização criminosa mais branda, capaz de conviver com uma sociedade corrupta, perversa e cúmplice.
É assustador esse raciocínio, porque falta lógica, racionalidade imaginar que a FDN tinha méritos ao não esquartejar, nem permitir que seus soldados arrancassem e comessem o coração de suas vítimas.
A ascensão do CV no Amazonas apenas revela que o Estado foi incapaz de atacar o crime onde ele, no primeiro momento, se enfraquecia em luta intestina entre duas facções. E quando interveio foi para matar 17 integrantes da FDN. O fez - e essa foi a versão dada - em defesa da sociedade.
O fato é que todos nos tornamos reféns do medo. Um medo que o crime organizado dissemina para se fortalecer.
Um medo que aprisiona milhares de amazonenses que moram nas chamadas zonas vermelhas.
— Portal do Holanda (@portaldoholanda) February 7, 2020
Um medo que explode com o assassinato de mulheres - como Sigrid Liborio Santos e Thaissa Kerolaine da Silva Azevedo, ambas de 14 anos, que os criminosos sadicamente filmaram.
O medo que agora invade os chamados condomínios de Luxo, até onde mora o secretário de Segurança. E que talvez seja essa uma boa hora para o governo afastá-lo. Se não consegue identificar que o vizinho trafica e vende drogas, não vai conseguir liderar uma luta do Estado pelo fim ou enfraquecimento do crime organizado na cidade de Manaus e em todo o Amazonas.
ASSUNTOS: COMANDO VEMELHOM TRÁFICO DE DROGAS, execuções, fdn, Manaus, polícia
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.