Lewandowski tem tudo para não dar certo
Ao priorizar a segurança pública, com Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça, e ao acenar com uma maior interlocução com as polícias nos Estados, Lula tem duas intenções muito claras: uma política - de reduzir a influência bolsonarista nas PMS, que é hoje um grande problema para o governo. A outra, é mais difícil, impossível até: contemplar a sociedade com uma política agressiva numa área em que, de um lado está o crime e, de outro, um sistema de segurança contaminado, falido e que perdeu o respeito da sociedade.
Sem uma depuração do aparelho repressivo e uma forte presença do governo nas comunidades - mais escolas, mais postos de saúde, mais esporte, mais emprego, o risco de fracasso é imenso.
A violência é derivada da fome, da pobreza, da ausência do estado e da falta de direitos. A violência está no homem que rouba, na mulher espancada, na criança sem escola, no pai sem emprego, no preconceito de cor, sexo, raça.
No juíz mal intencionado ou desatento, que julga segundo sua conveniência, pela cor dos olhos ou pela posição de quem é acusado ou acusa.
No jornalista que achaca, invade a intimidade de terceiros e destrói reputações.
No político que é bom no público, mas no privado rouba e faz da política um balcão de negócios.
A violência que deriva daí é cruel, contamina toda a sociedade.
Lewandowski tem tudo para não dar certo, não porque não seja competente, mas porque esse País, para melhorar, precisa ser virado do avesso.
ASSUNTOS: Lula, Ricardo Lewandowski, Segurança Pública
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.