Compartilhe este texto

Lições de como penalizar duplamente o contribuinte


Por Raimundo de Holanda

04/10/2023 20h43 — em
Bastidores da Política



 

É elogiável a preocupação dos vereadores de Manaus com animais abandonados. Mas o tempo gasto com ideias absurdas, como o projeto que obriga a Prefeitura a construir espaço pet nas repartições públicas não é apenas um despropósito. É  penalizar, caso a proposta prospere na Casa,  duplamente o contribuinte, que já paga uma conta muito alta para manter funcionando o Parlamento, cujos integrantes parecem não entender o papel que devem desempenhar - o  de legislar visando o interesse público, além de fiscalizar os atos do Executivo. 

O vereador que apresentou o projeto - Jaildo dos Rodoviários - defende que cabe ao poder  público, no caso a Prefeitura de Manaus, “contribuir para o bem-estar e a saúde desses animais”. Esquece o vereador que o poder público deriva  do cidadão, aquele que contribui como ente social e espera contrapartidas que nunca chegam na medida esperada. Portanto, quem paga essa conta exageradamente salgada e irresponsável é a sociedade.

Mas os exageros não param por aí. Outro vereador, Kennedy Marques, entrou no mesmo ritmo e apresentou um projeto que obriga a Prefeitura a instalar abrigos para animais abandonados, com alimentação, água, cuidados médicos… Mas pelo menos teve o bom senso de propor campanhas visando a  conscientização  da população  sobre a  importância da adoção de animais. 

Em parte o cidadão de um modo geral é culpado por essa ânsia dos políticos de apresentarem  ideias absurdas. O número de projetos propostos credencia  vereadores, deputados ou senadores a aparecer como os mais produtivos e é o meio pelo qual conseguem destaque na mídia.

E se essa é a regra, então vale tudo, até mesmo colocar gatos e cachorros nas repartições públicas.

Siga-nos no

ASSUNTOS: cães, cmm, gatos, Manaus, pet

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.