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Lula, para continuar sendo o ‘cara', tem que conversar com a sociedade


Por Raimundo de Holanda

13/01/2023 18h44 — em
Bastidores da Política



Ao contrário do que prega o super-ministro do STF, Alexandre de Moraes, o apaziguamento não é apenas possível. É necessário. Para a paz social, para a governabilidade e o bem do País. Moraes se posicionou como chefe de Estado, esquecendo que é juiz. Lula não pode esquecer que é o presidente de fato, nem dar o mau exemplo de querer ser o juiz da democracia.

Lula era mesmo  “o cara”, como disse o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, 13 anos atrás. Um tempo em que governava para os brasileiros e unia o País em torno de um projeto comum, mesclando o social com o desenvolvimento econômico. Depois apareceram os aloprados do PT, fazendo qualquer negócio e o Brasil desandou.

A Lava Jato, mesmo com seus inúmeros defeitos, passou o rodo e muita gente foi presa. Mas também teve efeitos colaterais ao produzir Bolsonaro e o extremismo que dividiu a sociedade brasileira. Não era para ser assim, mas no Brasil quase tudo dá errado.

Preponderou a tradição de “passar o pano” em erros cometidos.

Lula retorna 20 anos depois e encontra a sociedade dividida. Ao contrário de seus dois primeiros governos, em que  aproximou os contrários e evitou o enfrentamento com os militares, agora diz que não confia neles.

Pode estar certo, mas não dá para governar um País dividido, e ainda  tendo forças militares como inimigas.

Pior, Lula se distancia cada vez mais do diálogo ao fazer afirmações consideradas hostis num momento em que  a busca de desconstruir o dissenso é necessária e permanente. 

Não precisa pensar como eles, nem é necessário que eles pensem como Lula. Basta que os militares se restrinjam a respeitar regras constitucionais.

Mas para que a ordem se restabeleça é necessário que o PT pare de jogar gasolina em uma fogueira que está acesa e se espalhando.

Essa história de reduzir o número de escolas militares e alterar seus currículos é mais um ingrediente para um enfrentamento desnecessário. Ao menos no momento.

Ao  contrário do que prega o super-ministro do STF, Alexandre de Moraes, o apaziguamento não é apenas possível. É necessário. Para a paz social, para governabilidade e o bem do País. Moraes se posicionou como chefe de Estado, esquecendo que é juiz. Lula não pode esquecer que é o presidente de fato, nem dar o mau exemplo de querer ser o juiz da democracia

 

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ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Brasil, golpe, Lula, militares, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.