Manaus com sua mania de ressuscitar o passado criou um pesadelo
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Em meio a escombros de um passado que não volta mais, o centro de Manaus tem sido, por sucessivos governos, alvo de intervenções açodadas e caras. O centro é uma tragédia, apesar do derrame de dinheiro público em obras de pouca ou nenhuma utilidade.
De histórica a área central de Manaus tem apenas o nome, que se decompõe em fachadas de casarões destruídos e ruas mal pavimentadas.
Os sucessivos administradores poderiam continuar falando da Belle Époque, focados no sonho do passado de luxo e beleza da cidade, mas tentaram ressuscitá-lo e produziram um pesadelo
A colocação de pedras na avenida Eduardo Ribeiro e a “construção” do museu a céu aberto para expor dois metros do trilho do velho bonde entre a 10 Julho e a Eduardo Ribeiro não apenas estreitaram uma rua paralela importante, como impuseram aos amazonenses uma grande pegadinha: só falta andar de joelhos em uma área onde o asfalto cedeu lugar a pedras, que estão afundando.
Não se reconstrói o passado histórico com pedras, mas com ideias, poesia, memória. Não se ressuscita um tempo passado com dois metros de trilhos cercados por ferros.
Manaus tem que olhar o futuro. História é história e deve ser repassada para as futuras gerações. No caso de Manaus, como exemplo de que não se pode destruir, não se pode virar as costas para a cidade. Foi o que fizeram a partir dos anos 50. Tudo o que havia de belo envelheceu, caiu, afundou, com exceção do Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça e outras poucas obras.
Faz bem o prefeito David Almeida propor colocar asfalto onde deixaram pedras e tornar a avenida transitável. Como está é um grande pesadelo.
ASSUNTOS: Belle Époque, Centro Histórico, Eduardo Ribeiro, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.