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Manaus sob ataque


Por Raimundo de Holanda

12/10/2023 19h03 — em
Bastidores da Política


  • De repente Manaus ficou sob ataque. Uma super-carga de monóxido de carbono poluiu o ar, provocando problemas de saúde e confinando parte da população em casa. Nesta quinta, os planos de gozar o feriado em balneários foram novamente frustrados pela densa fumaça que tomou conta da cidade. Mas tudo pode piorar nos próximos anos. Com o fim da Zona Franca, o processo de migração de contigente humano da zona rural para a cidade, ocorrido em ritmo acelerado nos últimos 50 anos, será inevitavelmente revertido. Tirar da terra o sustento inclui plantar, criar boi e, como consequência, desmatar…

Pela primeira vez os olhos do mundo se voltaram para Manaus, uma cidade no meio da maior floresta tropical e com a segunda pior qualidade do ar registrada no Planeta .Como explicar o fenômeno? O fato por si mesmo derruba o argumento de que o Amazonas mantém 95% de sua floresta intacta. É história “para inglês ver”.  Ou Autazes e outros municípios não estariam em chamas. Mas a situação está piorando com a seca e vai piorar ao longo dos próximos anos, pelo isolamento do Estado, sem conexão com resto do País.

O processo de migração de contigente humano da zona rural para a cidade, ocorrido em ritmo acelerado  nos últimos 50 anos,  será inevitavelmente revertido. Tirar da terra o sustento inclui plantar, criar boi e, como consequência, desmatar.

Sem a Zona Franca, que já vem definhando, mas permanecerá na UTI mantida com respirador até 2073, Manaus deixa de ser um eixo de atração. Se as empresas vão embora, o comércio vai encolher e esse contingente humano vai para onde? Buscar as origens,  voltar ao campo, tentar criar boi, plantar e pescar.

Ninguém pode tirar deles o direito de sobreviver e buscar uma vida digna, mesmo a custa do que se  busca preservar hoje - o meio ambiente. 

Cabe ao governo federal reavaliar sua política ambiental, que em tese é boa, mas há 5 milhões de pessoas isoladas no região que é brasileira e como tal deve ser tratada. Qual a saída? Abrir um corredor para os amazonenses se sentirem brasileiros: a BR 364

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ASSUNTOS: Amazonas, fumaça manaus, queimadas

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.