Marina enfraquecida, Lula refém
- Ao modificarem a Medida Provisória 1.154/2023, os parlamentares cruzaram simbolicamente a Praça dos Três Poderes e sentaram na cadeira do presidente. Estão decididos a governar.
Lula perdeu a batalha de sua vida na Comissão Mista do Congresso que redesenhou seu governo nesta quarta-feira. Foi uma mexida radical, quase uma intervenção do Legislativo num Executivo desorganizado, sem prumo, sem base e sem proposta exequível para o País. Ao modificarem a Medida Provisória 1.154/2023, que reestrutura 31 ministérios e seis órgãos com status de ministério, os parlamentares cruzaram simbolicamente a Praça dos Três Poderes e sentaram na cadeira do presidente. Estão decididos a governar.
O principal alvo dos congressistas foi a ministra Marina Silva, que viu o Ministério do Meio Ambiente encolher. Deixa de controlar o Cadastro Rural, que agora vai para o Ministério da Gestão. Cidades comandará a administração de resíduos sólidos, enquanto a Agência Nacional de ‘Águas passou para o Ministério da Integração e Desenvolvimento. E não ficaram aí as alterações, que ainda dependem de votação do Plenário, mas praticamente sem chances de reversão.
O que fez os congressistas se rebelarem foi a postura de Marina Silva, uma ambientalista convicta que obstaculizava projetos de desenvolvimento, especialmente na Amazônia. Terminou se transformando no calcanhar de Aquiles de Lula, o mesmo Lula que Marina disse em 2018 que não passava de “um corrupto”, além de ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma, ato que Lula ainda hoje chama de “golpe”.
Como ter uma “golpista” ao seu lado? E Mais: comandando uma das pastas mais importantes do seu governo ? Deu no que deu.
Lula, desde a formação do governo, ainda em dezembro do ano passado, foi aconselhado a não nomear Marina. Não ouviu. Sai enfraquecido de um episódio cujo desfecho era previsível.
As apostas é que, ou entrega o governo de uma vez ao Centrão, como fez o antecessor Bolsonaro, ou terminará tristemente uma carreira que ganhou sobrevida após uma ressurreição inesperada por obra e graça do ministro do STF, Edson Fachin… O resto é história e você, leitor, sabe…
ASSUNTOS: Amazônia, Congresso Nacional, Ibama., Lula, Marina Silva, meio ambiente
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.