Os vereadores de Manaus estão propondo a criação do 'Dia do Conservadorismo'. A ideia é "preservar valores morais, religião, Deus, justiça e liberdade". Na prática, buscam dividir a sociedade entre "eles e nós".  Ou não mentiriam descaradamente, ao afirmar, como fez o vereador Wallace Oliveira,  que professores das escolas municipais estariam proibindo crianças  de rezarem o Pai Nosso.

É verdade que vereadores podem dizer o que bem entenderem da tribuna, como aliás ressaltou o presidente da casa, Caio André. Mas  têm que ter postura e compreender que chegaram à Câmara pelo voto e devem isso a um número muito grande de cidadãos com ideias diferentes e que sabem hoje, assistindo ao horror desse tipo de pronunciamento, que fizeram escolhas equivocadas.

Não se trata apenas de desinformação. É uma tentativa de jogar pais contra professores, alunos contra escola, estado contra o cidadão. Isso precisa acabar.

Ou o resultado será o caos,  a divisão de famílias. Ideias que separam amigos e irmãos proliferam de forma assustadora. E quando o vetor dessa disseminação é o Parlamento, temos que repensar a democracia como conhecemos e reavaliar afinal o valor do voto. Ou se não chegou o momento de reformular a metodologia de escolha de quem representa quem e o que a sociedade espera de cada parlamentar.