Microfone não é arma e repórter não pode se passar por vítima
Manaus tem cerca de 500 blogs. Um excesso. Alguns oferecendo um jornalismo saudável, de qualidade, ouvindo as partes e, quando necessário, opinando, criticando. Outros seguem um caminho inverso. Unidos agem como facção criminosa, a serviço de terceiros interessados em denegrir, humilhar, expor adversários.
Utilizam o microfone como arma para intimidar, agredir, aviltar uma profissão que surgiu em cima de princípios e compromissos - informar com liberdade e responsabilidade.
O pior é que durante "entrevistas", supostos jornalistas fazem tudo para saírem como vítimas de agressões, quando a violência ocorre a partir da abordagem hostil que fazem, o modo como perguntam, a forma como assediam ou "partem para cima" do entrevistado, como admitiu o próprio "repórter" no incidente ocorrido com o prefeito David Almeida no último final de semana.
Este é um tema delicado. Sei. É mexer em casa de maribondo, de abelhas africanas que têm ferrões venenosos, mas é necessário para alertar o Sindicato dos Jornalistas que é preciso agir, impor disciplina, exigir o cumprimento do Código de Ética, que impõe freios, que atualmente não é respeitado.
Com a desqualificação da profissão, com o fim da exigência do diploma, hoje todo mundo pode exercer o jornalismo. E isso prostituiu a profissão.
O resultado se observa, com espanto, todos os dias nas entrevistas ao vivo feitas por blogs ( há exceções), sem compromisso com a ética, sem respeito ao entrevistado e ao público.
Veja o caso da família da Djidja Cardoso e a imprensa:
ASSUNTOS: Amazonas, Assédio, blogs manaus, código de ética, eleições 2024, sinidacato dos jornalistas
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.