Militares e Bolsonaro comemoraram golpe. Mas reclamar do quê?
Os militares comemoraram a “revolução” de 64 e o presidente Jair Bolsonaro postou vídeo nas redes sociais exaltando o golpe.
Mas reclamar do quê, se os brasileiros deram aos militares esse direito, ao elegerem o capitão para comandar o País? Se milhares de pessoas sem memória foram às ruas pedir a volta do poder militar?
Ontem as cornetas ecoaram nos quartéis e havia nelas mais do que comemoração. Havia o som lúgubre de milhares de mortos e perseguidos durante o regime que se instalou no País em 64 e que agora ameaça ressurgir.
Mas reclamar do quê se os brasileiros destes novos tempos confusos quiseram assim ao eleger o capitão Bolsonaro para comandar o País?
E o pior é que Bolsonaro não pratica nenhuma sandice, não. Ele semeia a barbárie nos intestinos de um governo ‘aparelhado’ para servir aos seus propósitos de ditador.
Mas reclamar do quê, se os eleitores brasileiros, em sua grande maioria, votaram nele?
Bolsonaro sustenta até a mentira do 31 de março; mas o golpe foi no dia 1º de abril. Hoje faz 55 anos que o Brasil mergulhou na escuridão da anticultura, cuja plantação colhemos nos dias atuais.
Mas reclamar do quê, se mais de 55 milhões de brasileiros quiseram que fosse dessa forma, ao consagrarem seu nome das urnas?
Por enquanto as cornetas ecoam nos quartéis. Que depois não venham o estampido dos tiros de metralhadoras, o encolhimento das instituições democráticas, a limitação das liberdades civis. Por culpa de quem votou no capitão…
ASSUNTOS: Bolsonaro, Brasil, Ditadura, golpe de 64, militares, revolução
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.