Militares já estão no poder. Não podem é avançar sobre o STF e o Congresso
Os militares já estão no poder. A perspectiva de golpe, portanto, não existe. Eles estão nos principais ministérios do governo, nos órgãos de investigação, nas estatais e não será uma surpresa se, neste momento, Bolsonaro esteja atrás de um militar ou ex-militar com formação jurídica para ocupar a vaga que será aberta em novembro no Supremo Tribunal Federal. Impossível? Nem tanto.
A exigência é “ter 35 e menos de 65 anos, com notável saber jurídico.” Saber jurídico é mera retórica. Não vale para os amigos do poder. É só observar as escolhas ocorridas nos últimos tempos para a Suprema Corte.
Mas como diz Bolsonaro, o ”maior Exército é o povo”. Com apoio civil as instituições degeneram e são usadas ou submetidas a bel-prazer do governante de plantão. Foi assim em 1964, com o golpe que derrubou João Goulart, cassou políticos, fechou o Congresso, interveio nos Estados e fez uma farra com o dinheiro público.
Bolsonaro sabe disso. Seu ato mais importante na cadeia de poder, até aqui, foi não respeitar a lista tríplice para escolha do Procurador Geral da República. Escolheu nome de sua confiança e colocou a PGR debaixo do braço. É um civil. Mas e daí ? A historia se repete.
A PGR é o órgão de controle mais importante do Brasil. Se não funciona, o Executivo avança sobre os demais poderes, quebrando a cadeia de freio e contrapeso que alimenta a democracia.
Os militares já estão no poder. O risco é a ofensiva desencadeada contra os poderes Legislativo e Judiciário.
A hora é de resistência. O que está em jogo é a democracia, as liberdades civis, os direitos políticos. É isso que eles tentam eliminar ou restringir com ameaças a ações que eventualmente sejam tomadas pelo judiciário contra atos de Bolsonaro, como fez o general Heleno, advertindo para “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”. Heleno sabe o que diz…
ASSUNTOS: Bolsonaro, celso de melo, cloroquina, general augusto heleno, golpe militad, STF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.