A ministra que sabe de menos
Enquanto o governo do ex-presidente Bolsonaro defendia “a passagem da boiada” e dava livre acesso a grileiros e garimpeiros na Amazônia, o governo Lula adota um discurso ambíguo: quer levar a questão da preservação da região para a OTCA - Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. A ministra Marina Silva insinua que o Brasil, via BNDES, pode fazer investimentos para evitar o que ela chama de “ponto de não retorno”. Mas o problema é brasileiro, não da OTCA.
Marina retorna com o mesmo discurso de dez anos atrás, quando foi ministra da mesma pasta, com ideias reversas para a região onde nasceu, o que revela um certo divórcio com suas origens.
O que a ministra propõe é dividir responsabilidades com outros países que compõem a OTCA.
Para Marina, “é possível criar vida digna para as pessoas que vivem na Amazônia e ao mesmo tempo preservar as riquezas com o olhar para proteção e uso sustentável de sua biodiversidade”.
Isso, como ideia, parece bom, mas é antigo. E para colocar em prática é necessário mudar a mentalidade de um povo - o que leva tempo, gerações. Se a Amazônia, violentada, saqueada, não pode esperar, as pessoas que vivem na região também não podem.Porque são muito pobres e o instinto de sobrevivência as impele a avançar sobre a floresta.
Na prática, o governo conversa e enrola. O que se tem visto são ações da polícia para proibir atividades ilegais, mas a região e o homem amazônico continuam entregues a própria sorte…
ASSUNTOS: Amazônia, Bolsonaro, Floresta, Lula, Marina Silva, passar a boiada
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.