Molina, Dalai Lama e a capivara
Ricardo Molina, um dos mais conceituados peritos do País aparece mijando em uma Bíblia e diz que vai fazer “cocô nela”. Tudo por causa de uma briga com a mulher, com quem não se entende mais e “deseja ver morta”. Noutro caso, não menos escandaloso, Dalai Lama, monge budista e líder do Tibet, Prêmio Nobel da Paz, beija um garoto e pede que a criança chupe a sua língua. Outro episódio ocorreu em Manaus, onde dois deputados perderam o equilíbrio e se ofenderam mutuamente porque não se entenderam sobre quem era mais importante: uma capivara ou uma criança.
O que está acontecendo? As pessoas enlouqueceram ou sempre foi assim? Sempre foi assim…O problema é que o “privado”, as quatro paredes, escondiam personagens que quando iam para as ruas colocavam máscaras: era o padre respeitado no público, mas no privado molestava crianças; era o juiz insuspeito que no geral tomava partido; era o pastor severo com seus fiéis e defensor da família, que em casa batia na esposa e reprimia os filhos. Era o ministro “democrata” que defendia a censura em círculos fechados "para assegurar o Estado de Direito", que agora não se inibe mais em defender "restrições às redes sociais”. O custo é a liberdade de expressão, que vale para quem se sente ameaçado, não para ele, dono da verdade e senhor da justiça.
O problema é que os segredos não existem mais.Tudo é gravado, as conspirações são logo desmascaradas.
Se “no princípio era o verbo”, hoje é a imagem, os gestos, a revelação de instintos primitivos. E muitos acham que não precisam mais esconder suas taras, seus instintos. Imaginam que se encontram numa bolha, mas essa bolha explode e provoca indignação.
O Mundo não piorou. A tecnologia o tornou mais transparente, revelando o lado obscuro das pessoas.
Bom final de semana, mas ao sair, coloque uma máscara para não revelar o que você é...
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ASSUNTOS: Capivara, Dalai Lama, deputados, Manaus, Ricardo Molina
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.