Moro precisa se afastar do governo
Balançando no óleo da ‘fritura’ de sua carreira, Sérgio Moro tenta se salvar agarrado à prancha de sua expertise como juiz: conduzir o processo pela tangente. Vazamento é crime de hackers. Intervenção indevida no caso - falta da qual vem sendo acusado, é o quê ? Crime. E como tal deve ser tratado.
O ministro Sérgio Moro acabou se tornando um caso único na magistratura brasileira. Em sua atuação na Lava Jato usou delações premiadas e abusou de vazamentos das mesmas. E está pagando na mesma moeda: os vazamentos da Lava Jato expõem seus pecados.
E deixam a impressão de que Moro foi instrumento de desconstrução de um líder pecador, a serviço de outra liderança emergente. Na mudança ele recebeu sua valiosa moeda política.
Para Moro, sua atuação político-jurídica no processo que levou à condenação do ex-presidente Lula não foi uma ação fora da lei; mas expor publicamente sua intervenção indevida no caso é.
Professores de Direito e juristas concordam que as conversas vazadas de Moro caracterizam prática de “ruptura de um comportamento funcional”. É o que deve ser investigado.
A ação dos hackers passa a ser secundária, mas o seu conteúdo precisa ser comprovado ou desmentido tecnicamente. Caso positivo, Moro deve se curvar à Justiça, como Lula o fez.
O que não se admite é o disse-me-disse e a paralisia do que seria o ministério mais importante do governo Bolsonaro. A violência e a crise penitenciária ainda não foram debeladas.
ASSUNTOS: folha, Lava Jato, Moro, The Intercept Brasil
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.