A polêmica em torno da mulher de um traficante no Ministério da Justiça, na Câmara dos Deputados e no Conselho Nacional de Justiça, num primeiro momento leva à conclusão de que o crime é organizado porque o estado é desorganizado. Mas a mulher - Luciane Barbosa - preside uma Ong que defende o direito dos presos serem tratados com dignidade, e estava em Brasília exatamente discutindo com autoridades do governo Lula políticas para o setor. 

Ninguém mais apropriado para colocar sobre a mesa um tema sensível e uma situação visivelmente cruel do que alguém que conhece o sistema prisional. 

O fato de ser mulher de um traficante e também ter sido condenada, não a desqualifica  como porta-voz não de um grupo criminoso, mas dos 8 mil presos que cumprem pena em situação  desumana nos presídios do Amazonas.

O  que causa espanto é a reação medrosa de um governo a críticas sobre a presença da mulher e o tema levado por ela ao Ministério da Justiça. 

Espanta a incapacidade do governo de explicar o óbvio - que  a mulher é uma cidadã, sem restrição de direitos, ao menos por enquanto, e que estava ali defendendo uma pauta legítima.

Mas o governo é covarde e está entregando a mulher às hienas. Rendendo-se a narrativa de que agentes do mais alto escalão do Palácio do Planalto têm relações ou proximidade ou simpatia com organizações criminosas. 

Lamentável a postura desse governo. 

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