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Mulheres estupradas duas vezes...


Por Raimundo de Holanda

13/06/2024 19h55 — em
Bastidores da Política


  • O projeto aprovado pela Câmara dos Deputados é bizarro, na medida em que estabelece punição descabida. É como se as mulheres, feridas e humilhadas, se tornassem vítimas de um novo estupro, ao terem seu direito legítimo de abortarem suprimido

O estupro é crime. A mulher pode abortar até 22 semanas após a agressão. Depois disso, o papel de vítima e agressor é invertido. Se a mulher tentar o aborto após esse período, é considerada criminosa, com pena de até 20 anos de prisão. 

A medida consta em projeto de lei aprovado em regime de urgência pela Câmara dos Deputados.

Os que apontam a Câmara como uma casa majoritariamente masculina, têm razão, mas o projeto teve o apoio de dez mulheres com mandato e que fazem parte de uma direita atrasada,  patriarcal, que vê os avanços sociais como nocivos à família e à religião. 

Na prática, o que a Câmara fez foi legitimar o estupro e criminalizar as vítimas. 

O surpreendente é o forte apoio da medida nas chamadas redes sociais, com a pauta de costumes ganhando cada vez mais espaço entre os brasileiros.

O projeto é bizarro, na medida em que estabelece punição descabida. É como se as mulheres fossem estupradas duas vezes ao terem seu direito legítimo de abortarem suprimido.

Um atraso lamentável.

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ASSUNTOS: aborto, estupro

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.