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Não chamem a polícia


Por Raimundo de Holanda

01/08/2023 22h25 — em
Bastidores da Política



 

É cada vez mais frequente as pessoas reclamarem da falta de segurança, e entendem equivocadamente que cabe à polícia resolver o problema. Quando a polícia age, a queixa, também frequente, é de que utiliza de violência. Mas o papel da polícia é ostensivo e não pode dosar uma ação se o outro lado revida.

Ah, mas a polícia mata - dizem eles. Mas os criminosos não apenas matam. Eles privam a sociedade de liberdade, de escolhas, especialmente em áreas onde a autoridade é o chefe do tráfico. 

É comum a imprensa vitimizar o criminoso, jogando para os policiais o ônus de um problema para o qual foram convocados: conter uma violência generalizada onde não cabe nenhum tipo de concessão.

É problema de Manaus e do País. Vejam o caso de Guarujá, onde a polícia agiu com firmeza, prendeu bandidos, feriu outros e policiais foram chamados de “criminosos". 

As manchetes da “imprensa profissional” revelam essa inversão de valores: “Operação da PM mata ao menos 10 no Guarujá (SP), diz Ouvidoria”. “Chacina no Guarujá (SP): polícia mata ao menos 10 pessoas no litoral”. “Polícia de São Paulo mata inocente e intimida população da Vila Baiana, no Guarujá “.

Mas a sociedade é violenta e também mata de forma cruel, em ato puro de vingança. Vejam só: dificilmente não há linchamento quando uma pessoa é acusada de roubo ou flagrada roubando. A turba se reúne e mata de forma cruel: no chute, no espancamento com estaca.  

Não é a polícia que é violenta, é a sociedade que viu seus valores apodrecerem. São as pessoas que não sabem mais viver em comunidade porque “o vizinho do lado pode ser um criminoso”, o do outro “não tem emprego” e “como está alimentando a família?”. “E meu telefone estará grampeado? “Alguém instalou GPS no meu carro e está me seguindo?” De repente  todos têm medo do outro, todos se armam. 

Esse clima de suspeita generalizada divide famílias, vizinhos, o País inteiro. A violência começa aí. Não chamem a polícia. Olhem-se no espelho. 

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ASSUNTOS: Guarujá, Manaus, PM, violência policial

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.