Nossos filhos remam contra a correnteza
- Vamos fazendo a travessia de nossos filhos na canoa da vida e nos irritamos porque eles remam em outra direção. É quando percebemos que não são como nós, nem têm os nossos desejos, nem se alimentam de nossos sonhos. Mas respeitar o sonho deles, o desejo deles é também parte de nossa missão.
Fazer uma coluna diária não é fácil. Nem sempre há um assunto empolgante para analisar. Como já disse em outras ocasiões, as notícias se repetem continuamente - É Lula 20 anos mais velho, mudado e apaixonado. Bolsonaro se apropriando de joias com valores milionários, um Congresso ainda cheio de enigmas - não se sabe que rumo vai tomar - de oposição ao governo ou de apoio em troca de cargos.
Mas você precisa de algo novo - que não vai encontrar no Tik Tok, mas está do seu lado e você não vê por absoluta falta de sensibilidade: seus filhos, sua mulher, seus netos.
Olhar para eles é ver o mundo de amanhã, é reforçar o desejo de viver intensamente e vigorosamente para atravessá-los para o outro lado do rio nessa canoa que é a vida, que é a família e com a qual temos responsabilidades.
Vamos remando e, em alguns momentos, nos irritamos porque a maioria deles rema em outra direção. É quando percebemos que não são como nós, nem têm os nossos desejos, nem se alimentam de nossos sonhos. Respeitar o sonho deles, o desejo deles é tambem parte dessa missão.
Então suspendemos o remo e o barco segue o caminho que eles traçam. É a aposta que fazemos nos sonhos deles, nas expectativas deles. É quando renunciamos um pouco a nós mesmos.
Tenho duas filhas e um filho. Ambos remam contra a correnteza. Preferia seguir o curso do rio, mas eles vêem o que não vejo, sonham sonhos que não tive. E de repente percebo que eles encaram a vida melhor do que eu. O desafio é vencer a correnteza, não alimentá-la. Estou aprendendo…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.