Nunes Marques, Moraes e o X da liberdade de expressão
A decisão do ministro Nunes Marques de pedir explicações ao também ministro Alexandre de Moraes sobre possível descumprimento de Preceito Fundamental, ao suspender a rede X, não expõe apenas diferenças entre ministros do STF, mas levanta uma questão básica, fundamental, que vai além da censura a uma rede social.
Nunes Marques intima Moraes por possível violação à Constituição com suspensão do X
Virá, inevitavelmente à tona, durante debate no Plenário Físico, os excessos de Moraes na defesa do que ele entende por democracia. Ou como o seu conceito muito particular de liberdade de expressão deve ser seguido. Quem o contraria transforma esse direito em "mero instrumento para a prática do discurso de ódio, atividades antidemocráticas, agressões, infrações penais e toda sorte de atividades ilícitas".
Um excesso desmedido, pelo viés autoritário e pela absoluta agressão a princípios assegurados pela Constituição do país.
Está certo o ministro ao alegar que a liberdade de expressão não é um direito absoluto. Mas é correto afirmar que um juiz não pode passar por cima das leis do País, especialmente em decisões relativas aos inquéritos das fakenews e dos atos antidemocráticos, onde os acusados ainda buscam a garantia do devido processo legal, previsto no artigo 5o, inciso LIV da Carta de 88, garantindo que a privação da liberdade só ocorrerá depois de um processo legal, assegurado o contraditório e a ampla defesa.
Não se espere que o Plenário do STF revogue a decisão de Moraes sobre o X, uma rede que afinal deve seguir as leis brasileiras, mas a punição imposta à Starlink, que o ministro atribui ao mesmo grupo e, portanto, responsabiliza pela insubordinação do X, deve cair. É o que se espera...
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ASSUNTOS: Alexandre de |Moraes, kássio nunes marques, Liberdade de Expressão, X
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.