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O ‘aerococa’ e as malas do governo Bolsonaro


Por Raimundo de Holanda

27/06/2019 21h56 — em
Bastidores da Política



O problema do governo Bolsonaro não é a mala do sargento com 39 quilos de cocaína, mas as 'malas'que compõem esse governo. Uma delas falou, ao se referir ao sargento da comitiva presidencial detido  em Sevilha, Espanha: “" Ele estava trabalhando como mula. Uma mula qualificada”.  Declaração mais estapafúrdia, imprópria para o momento grave para a imagem do País. Imediatamente surgiram os memes nas redes sociais e a proposta de internautas para um novo documentário da Netflix: “Bolsonarco”.

                                                                                                                             Foto: Reprodução Internet

Outra 'mala'  comparou o peso de Lula e Dilma a drogas. Quer dizer, um assunto sério, que expõe o Brasil de forma negativa  é tratado como uma coisa corriqueira, que amanhã pode ser esquecida.

Não será. O impacto foi forte e a repercussão na imprensa internacional ainda continua.  Veja as principais manchetes sobre o caso:

The New York Times – Carga de cocaína a bordo do avião presidencial brasileiro

Le Monde – Bolsonaro estremecido pelo caso "Aerococa", após 39 quilos de cocaína serem encontrados em avião oficial

Der Spiegel – Um soldado a serviço do presidente do Brasil levava consigo 39 quilos de cocaína

The Guardian – Aviador da delegação do Brasil para o G20 preso por tráfico de drogas

El País – Detido em Sevilha militar da comitiva de Jair Bolsonaro com 39 quilos de cocaína

Mas tem noticia boa. Os brasileiros  começam a acordar. Pesquisa do Ibope divulgada pela Rede Globo nesta quinta-feira mostra que a confiança em Bolsonaro está caindo. Devagar, mais caindo. A continuar nesse ritmo não deve passar do chão.

NÚMEROS DO INIMIGO

Dois economistas da Universidade Católica de Brasília conseguiram emplacar na Folha de S. Paulo um estudo em que afirmam que o crescimento do Amazonas, entre 2002 e 2014, não respondeu à altura aos R$ 25 bilhões de renúncia fiscal da ZFM.

Para a Folha de S. Paulo, que combate sistematicamente o modelo ZFM, sem considerar os incentivos fiscais setoriais de SP, é mais um ‘prato cheio’ para atacar o Amazonas.

Os experts da UCB fazem uma comparação apenas entre os indicadores econômicos e sociais amazonenses com os de outros estados “que não recebem incentivos federais”.

O que é um erro proposital com a finalidade única de incentivar o desmonte da nossa economia. Isto porque não existe nenhum estado no Brasil que não recebe esses incentivos.

Somente para este ano de 2019, o Orçamento da União estima conceder R$ 376 bilhões em incentivos fiscais: R$ 306,9 bilhões são renúncias de tributos e R$ 69,8 bilhões, subsídios.

Os R$ 25 bilhões dados à ZFM representam apenas 6,64% do montante, e são concedidos e representam o maior investimento na preservação da floresta amazônica na região.

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ASSUNTOS: aerococa, Bolsonaro, carga de cocaina, G20, sargente, SEVILHA

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.