O avanço do crime organizado nas instituições do Estado
- O que esses criminosos querem é poder político, que em tese já possuem. Querem o Judiciário. Querem o Ministério Público. Querem a Polícia. Impedir que consigam êxito é o desafio posto agora.
O Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) não levaram muito tempo para dominar territórios nas grandes cidades brasileiras e se apossar do sistema prisional. Agora há fortes indícios de que tentam um passo ousado: se infiltrar no Ministério Público, nos Tribunais de Justiça e na Polícia. O meio pelo qual tentam essa investida atrevida é lícito: o concurso público.
Uma investigação já ocorre em São Paulo e Rio de Janeiro pela Polícia Federal. A medida partiu do Corregedor Nacional de Justiça, Luiz Felipe Salomão. A ideia é submeter os candidatos a cargos de juízes e promotores a “uma avaliação social”. O que não basta.
O mundo do crime não manda para esses concursos pessoas com fichas corridas. Nem se imagine que se trata de uma tentativa de “invasão” dos poderes, identificada por acaso. Essa infiltração já ocorre em vários níveis, ou o chamado crime organizado não afrontaria o Estado como vem fazendo, se apossando de territórios, conhecidos por todos “como áreas vermelhas”, com acesso limitado.
O que esses criminosos querem é poder politico, que em tese já possuem. Querem o Judiciário. Querem o Ministério Público. Querem a Polícia. Impedir que consigam êxito é o desafio posto agora. O problema é saber em que nível essa infiltração já ocorre e se o Estado, como conhecemos, está imune e com capacidade de impedi-los.
ASSUNTOS: Crime Organizado, CV, PCC
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.