O Brasil andando para trás e levando a gente para o abismo
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O Brasil parece ser o único País do Planeta que anda para trás. Na política, na economia, nos avanços tecnológicos ou sociais. Tudo porque é capaz de transformar virtudes em defeitos. Um País com uma classe dominante dona de uma incrível capacidade de fazer recuos inesperados e espetaculares. Um País onde a história tem que ser reescrita a cada seis anos.
O pior do Brasil são os políticos - pois de sua atividade derivam as ações dos Poderes, que avançam sobre uma Constituição feita “para todos”. Eles criam tantas leis, atribuem tantos direitos aos brasileiros, oferecem tantas oportunidades que é incrível não dizer o óbvio: a Constituição do Brasil é um conto de fadas.
Onde o direito à saude se não há hospitais à altura nem remédio para todos? Onde o direito à segurança, se o crime organizado invadiu as cidades? Onde o direito a moradia? Onde a dignidade se milhões de brasileiros vivem na mais absoluta pobreza ? O pior de tudo são direitos em excesso concedidos a grupos em razão da cor, do sexo (ou da opção sexual) e da idade, como se todos não fossem iguais perante a lei.
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Mas o que mais impressiona é a capacidade da classe dominante em convencer a sociedade de que é possível habilitar malandros contumazes em travessuras.
A Lava Jato, que teve amplo apoio dos brasileiros e colocou políticos e empresários corruptos na cadeia foi levada para a guilhotina. O último golpe foi dado nesta terça-feira pelo ministro Ricardo Lewandoski, que se aposenta em maio. Ele acaba de suspender processos que tramitavam na 10a Vara Criminal Federal de Curitiba e na 5a Vara do Rio de Janeiro, contra familiares do ex-ministro das Minas e Energia e ex-senador Edson Lobão, além de outros políticos e empresários.
Lewandoski considerou que as provas contra os acusados estavam contaminadas. Mas se estavam documentadas e foram entregues pela antiga construtora Odebrecht em acordo de leniência ou delações, sendo parte dos arquivos do denominado “Setor de Operações Estruturadas”, eufemismo para definir “propinas”, onde a contaminação?
Era apropriado atestar erros ou falhas nos documentos? Mas o que havia era uma “suspeita"de contaminação, de acordo com peritos da Polícia Federal. Nunca a PF atestou de fato a contaminação. Apenas levantou a suspeita. Mas o ministro mandou parar tudo.
É o Brasil. Qual a próxima história a ser recontada daqui a quatro anos?

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.