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O caso Coari, a coletiva da doutora Leda e os 100 Wesley


Por Raimundo de Holanda

26/09/2019 18h34 — em
Bastidores da Política



As coletivas de imprensa após operações como a realizada nesta quinta-feira pelo Ministério Público do Amazonas  precisam de um balizamento legal, por serem unilaterais. Como repórter as acho interessantes, como fonte de informação, mas antes de ser repórter sou um legalista. Defendo  o direito do advogado do acusado estar presente para contestar fatos apresentados  como ‘verdadeiros’. Começa aí, na raiz do processo, o contraditório, o direito a ampla defesa, o devido processo legal, aliás requisitos constitucionais.

Ou se respeita isso ou o  Judiciário, que chancela as operações policiais ou do Ministério Público  perderá lugar para tribunais de exceção nas redes de intriga que se espalham como doença na  internet.

ELOGIO AO PROMOTOR

A uma pergunta sobre o comportamento açodado do promotor  Wesley, a doutora  Leda fez uma defesa corporativa da atuação do promotor. Segundo ela,  100 Wesley fariam bem ao MP.   Na verdade o polêmico promotor é muito jovem. Os erros do caso  já estão aparecendo. Leda poderia ter repetido Aras, o novo Procurador da Republica, que ao comentar o personalismo  de Deltan Dallagnol na condução da operação Lava jato  disse que faltou “cabeça branca” para conter os excessos do procurador. Mas a doutora não poderia. Cometeu o erro de designar o promotor envolvido em polêmicas inclusive com o juiz de Coari,    para presidir a força tarefa montada para investigar denúncias contra a administração Adail Filho. De fato, 100 Wesley fariam bem a quem  mesmo?  Ao Estado de direito ? A  justiça ? A democracia?  Absolutamente,  não. 

O PAPEL DO JUDICIÁRIO

A Procuradora de Justiça,  Leda Mara, na coletiva de imprensa, falou sozinha. Fez uma defesa da atuação do Ministério Público que, segundo ela, não teria êxito em suas ações sem a participação decisiva do Judiciário. O que é verdade.  Mas é necessário um Judiciário atento para depurar  erros e excessos do Ministério público,   que existem, inclusive no caso em discussão.

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Um deles é o suposto montante desviado - R$ 100 milhões . Em 18 meses, tempo da investigação do Ministério Público,    Coari arrecadou R$ 330 milhões. Metade gasto com folha de pagamento. Outros 100 milhões não poderiam, como alegam os promotores,    ter sido desviados. Trata- se de um cálculo simples. Desvio de dinheiro público  não pode ser medido com o olho, mas com cálculos. O MP   da doutora Leda  precisa urgentemente de um economista e um auditor de contas para que os inquéritos abertos mais tarde não sofram questionamentos e acabem nulos.

 

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ASSUNTOS: adail filho, coari, Corrupção, leda mara, ministério público

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.