O caso da morte do engenheiro: A informação como espetáculo é uma tragédia
Assisti durante o dia todo repórteres entrando e saindo das delegacias e a polícia confusa em suas respostas. Quem matou o engenheiro e por que ? Surgiram dezenas de versões e teorias perigosas que servem de ponte para a criação de tribunais de exceção. É assustador como a imprensa contribui para um estado de coisas, que resulta, na maioria das vezes, em linchamentos.
O próprio trabalho da policia, que deveria ser criterioso, acaba prejudicado. E a mistura entre jornalismo, circo e ódio é intensa. São poucos os que procuram a verdade. E são muitos os que não pensam nas consequências de não a procurarem, mas produzir espetáculo.
A informação como espetáculo é uma tragédia. É a morte do jornalismo, tal como conhecemos. É o que está acontecendo agora…
Como repórter, 42 anos de profissão, já vi muitas coisas: Inocentes morrerem linchados, inocentes presos e muita violência. Mas nunca como agora o clube do mal foi tão grande e tão poderoso, porque manipula a opinião pública.
Nesses anos todos aprendi uma coisa: que existe uma lei de retorno e muitos nem percebem, porque quando ela chega sonhos desaparecem, vaidades se transformam em pó e o mundo se acaba. O que torna atual o pensamento de Swami Sivananda Saraswati, líder espiritual Hindu, para quem “o homem semeia um pensamento e colhe uma ação, semeia um caráter e colhe um destino.” Eu completaria: mais: o homem faz da noticia e da tragédia um espetáculo e seu destino é a pobreza, a doença e o abandono.
ASSUNTOS: alejando waleiko, cena do crime, engenheiro Flávio Rodrigues, Prefeitura de Manaus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.