O censo do IBGE e as favelas de Manaus
- O Censo do IBGE nunca é contestado, apesar de suas falhas gritantes. Não representa em muitos casos sequer uma fotografia momentânea da realidade das cidades
O censo demográfico do IBGE erra ao identificar favelas onde elas não existem, não na proporção que a pesquisa apresenta. Se Manaus tem 236 favelas, é preciso pontuar onde elas estão e qual o conceito, afinal, para o termo. Se for para repetir a velha definição de que "favela é uma ocupação ilegal, onde a oferta de serviços públicos não existe", então se aplica a poucos espaços urbanos ao longo da periferia.
Se diz respeito ao modelo de construção - madeira, telhado de zinco - então é preciso uma nova definição.
Se tem relação com as condições de vida dos moradores - mobilidade no seu entorno - então se aplica aos conjuntos populares "Viver Melhor", para onde foram deslocadas famílias que viviam em casas para prédios com quatro andares, sem elevadores, ou nos construídos ao longo da avenida das Flores pela Direcional Engenharia, também sem elevadores.
Nem por isso falta asfalto, supermercados, postos médicos, delegacias.
Se a ideia iniciada com o Programa Prosamim no polêmico governo do hoje senador Eduardo Braga (MDB), foi pôr um fim ao aglomerado humano irregular no entorno dos igarapés, gerido por facções criminosas, as famílias, que não foram preparadas para viver em apartamentos, enfrentam hoje uma onda de violência sem precedentes, porque o tráfico também as acompanhou.
Manaus, que aparece na fotografia desfocada do IBGE, precisa que os técnicos do instituto expliquem, afinal, o que entendem por favela.
ASSUNTOS: FAVELAS DE MANAUS, IBGE, Prosamim
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.