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O céu visível e o inferno real de quem planta e não colhe no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

21/04/2025 20h52 — em
Bastidores da Política


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A recorrente cheia dos rios do Amazonas, seguida de intensa seca, explica a forte dependência do estado da importação de alimentos. Mesmo farinha, macaxeira, cheiro verde  e peixe são importados do Pará e de Roraima.

Vastas extensões de terras, aparentemente agricultáveis, são alagadas anualmente. Quem planta no verão tem rara chance de colher. O excesso de calor afeta o solo e compromete o desenvolvimento das plantações. 

Chega o período da cheia dos rios, prejudicando o solo e destruindo o sonho da colheita. É um pesadelo sem fim.

Viver no Amazonas não é fácil, especialmente para o homem do interior, pouco compreendido. Quando, num ato de desespero, decide cruzar os braços, é chamado de preguiçoso.

O Amazonas é uma bela terra, a paisagem é excepcional, mas a eterna luta entre o sol escaldante do verão e o inverno rigoroso, torna quase impossível a agricultura e a criação de animais, por isso a forte dependência da Zona Franca e os incentivos dela decorrentes, o que faz de Manaus um polo de migração intensa e desequilíbrios habitacionais.

Não tem como mudar esse quadro, agora agravado pela repentina  mudança climática.

O governador Wilson Lima tem se antecipado, seja  durante seca ou cheia, destinando milhares de toneladas de alimentos para o interior. Não resolve  o problema, mas ameniza.

O que fazer então, se não dá  para plantar nem desenvolver a pecuária? O Estado é rico em minérios, mas todo potencial está concentrado em terras indígenas. É isso que precisa mudar. 

O  Congresso Nacional precisa ter a coragem de mexer no Estatuto do Índio, na política de demarcação de territórios e priorizar o desenvolvimento dessas áreas, com exploração da riqueza mineral, reduzindo a miséria e distribuindo riqueza.

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ASSUNTOS: Amazonas, cheia dos rios, enchente, seca dos rios, vazante

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.