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O colapso no sistema de saúde do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

21/02/2024 20h03 — em
Bastidores da Política


  • O problema não é de agora. Vem de longe. Alimenta maus empresários e políticos inescrupulosos

O sistema de saúde do Amazonas pode parar a qualquer momento. É uma estrutura grande, pesada, complexa, viciada e corrupta. Um monstro que consome R$ 8 bilhões por ano. Sua voracidade gerou inúmeros escândalos durante sucessivas administrações e deixou feridas que continuam abertas e sangram na medida que o governo do Estado não age no sentido de renovar métodos e identificar golpes - tentativa de fornecedores de receberem além do que  têm direito - da dívida real, que mesmo assim precisa ser renegociada, parcelada, permitindo o mínimo de fôlego para que essa estrutura continue operacional. 

O problema não é de agora. Vem de longe. Alimenta maus empresários e políticos inescrupulosos. Mas não buscar resolvê-lo é alimentar um círculo vicioso que drena recursos públicos para grupos organizados, enquanto pessoas morrem nas emergências ou esperam anos por uma cirurgia, além do risco de infecção hospitalar, que é grande.

O governador Wilson Lima tem a oportunidade de resolver o problema. O que não pode é permitir que dois secretários troquem ofensas em sua frente, porque o primeiro precisa de recursos para manter as unidades hospitalares funcionando, e o outro quer "segurar" pagamentos, sem avaliar as consequências de uma paralisação do sistema de saúde, que agora parece iminente. 

Wilson deve e precisa dizer que ele é quem manda, ele é quem decide. Repetir para seus subordinados e para si mesmo, sete vezes vezes sete vezes, se preciso, que ele  é o governador. Mas antes de convencer sua equipe, Wilson precisa desse convencimento.

Cabe ao governador colocar ordem na casa. Se achar necessário e se convencer de que é preciso liberar recursos para a saúde, fazê-lo.

Por sorte, conta com um secretário de  saúde que já encontrou o estrago feito, mas tem o mérito de ser e parecer honesto. 

O risco de paralisação tem consequências. O ano é político. Feridas abertas durante a ultima pandemia de Covid e que o governador conseguiu suturar, com muito esforço, podem ser abertas por aqueles que, sempre à espreita, se alimentam do caos.

 

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ASSUNTOS: Amazonas, crise na saúde, Wilson Lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.