O depoimento da primeira dama
O depoimento da primeira dama Elizabeth Valeiko, mãe de Alejando Valeiko, não foi o último capitulo dessa história que, segundo a policia, envolve ao menos três crimes - assassinato, violação da cena do crime, “sequestro e ocultação de cadáver. E há sinais de que as investigações não vão parar. Falta pingo nos is, que a policia procura. Mas uma coisa ficou certa: Elizabeth Valeiko está fora de qualquer suspeita de participar dos crimes praticados na casa do conjunto Balvedere dos Pássaros, na noite fatídica daquele domingo, 29 de setembro. Entretanto é alvo da imprensa e isso tornou o depoimento desta segunda-feira um lamentável “espetáculo”.
A mídia está excitada: o comportamento de repórteres na saída da primeira dama da delegacia, demonstrou que o caso desperta um inusitado interesse da opinião pública, que os jornalistas querem saciar. Mas a presença de familiares da vítima, portando faixas e cartazes pedindo justiça, é o componente político dessa história que ainda vai render muito.
A questão é quem estimula ou financia essas pessoas?
Já é constrangedor ir a uma delegacia, imaginem a pressão externa de um grupo que não entende que o que a policia está fazendo nada mais é do que ouvir testemunhas e chegar a uma conclusão sobre o crime. Concentrar na primeira dama todo rancor que ficou desse episódio não é apenas injusto. É desumano.
Valeiko pecou por ser mãe e foi vitima indiretamente, vítima de uma tragédia que atingiu um filho, suspeito de assassinato. Assim como a mãe do engenheiro assassinado, cuja perda é irreparável. Mas não dá para medir o sofrimento de lado a lado, mas dá para as pessoas refletirem que a policia faz seu trabalho exatamente para que o poder judiciário, de posse de um inquérito criteriosamente feito, nomeie um juri e estabeleça as punições necessárias. É aí que reside a justiça. Somente aí.
ASSUNTOS: alejandro valeiko belvedere dos passaros, assassinato, elizabeth valeiko
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.