O desafio da jornalista a um espectador mal resolvido
As transmissões ao vivo, especialmente a cobertura de fatos policiais, atraem todo tipo de público. O submundo emerge. O foco é o fato, mas muitas das vezes quem está na mira desse público é o repórter. Os xingamentos não param, até a roupa incomoda. É o preço de uma exposição pública, para a qual todo repórter deve estar preparado.
É comum dizer que um repórter não está qualificado para fazer essa ou aquela matéria, mas é incomum mandar um espectador à merda em plena transmissão ao vivo.
A jornalista Edila Cristina já fez transmissões ao vivo para o Portal do Holanda e sempre foi uma grata surpresa. Sua preocupação era falar uma linguagem próxima de um público da periferia, que precisava entender o que era mostrado e dito. Hoje está em outro veículo, onde se sobressai com furos importantes na área policial.
Mas se importunou com um comentário irrelevante de um espectador. Além de mandá-lo à merda ao vivo, Edila o desafiou a “ser homem e aparecer na frente” dela. “Vou te mostrar como se trata uma mulher…”
Edila passou a ser notícia e o principal assunto das redes sociais. Mas é jornalista, fazendo transmissões ao vivo em meio a um mundo cão, onde prosperam intrigas, ódio, inveja, inclusive de concorrentes.
A favor de Édila, o testemunho de que é uma jornalista dedicada, sempre buscando checar informações e se comunicando com o público utilizando uma linguagem simples e direta. Mas não pode perder o foco diante de comentário isolado de um espectador mal resolvido.
Afinal, esse mundo cão, onde ela, como profissional, coloca o seu olhar, é feito de estrume - o lixo de uma sociedade que se decompõe na violência.
Edila é uma parte boa do jornalismo que não pode perder o controle diante do chorume desse lixo que também tomou conta das redes sociais. Há os que comentam, há os que vomitam ódio. Esses, Edila deve ignorar…
ASSUNTOS: Edila, Manaus, Portal do Holanda, Redes Sociais

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.