O direito de se apaixonar aos 70 ou 90 anos. O tesão pela vida não morre nunca
Tanto homens quanto mulheres tem direito de envelhecer com liberdade de escolha. A paixão rejuvenesce. Acordar do lado de um corpo quente, nu, esparramado sobre a cama desperta hormônios adormecidos. Se incomoda terceiros, paciência…
São tantos os pedidos de interdição de homens que envelheceram, conheceram mulheres mais jovens e se apaixonaram, que passei a ter medo de envelhecer. Sei que os velhos levam vantagem sobre os jovens: eles chegaram onde chegaram porque não morreram. É patético dizer isso, quase ridículo. Mas não se envelhece sem ter construído pontes e superado adversidades, sem calejar as mãos, sem renunciar aos prazeres, sem que as noites fossem menores que os dias.
O que não se espera dos filhos é que eles, sob o argumento da senilidade de quem apenas quer viver os últimos dias da melhor forma possível, aleguem vulnerabilidades e necessidade de proteção.
Tudo o que eles tiveram enquanto crianças, adolescentes e adultos, agora eles "retribuem" de forma inversa.
Isso ocorre quando há bens em disputa. Quando não há, a maioria dos filhos apenas indica o caminho de uma casa de repouso. O argumento também se inverte: “pai, é um lugar bom, de gente da sua idade…”
É um tipo de descarte do ser humano dos mais cruéis. Pai não é qualquer coisa. Poucos se dão conta disso.
Tanto homens quanto mulheres tem direito de envelhecer com liberdade de escolha. A paixão rejuvenesce. Acordar do lado de um corpo quente, nu, esparramado sobre a cama desperta hormônios adormecidos. Se incomoda terceiros, paciência.
Ah, ela ou ele, só pensa no dinheiro dele ou dela. Pode ser. Mas e daí? Não importa como se rega uma paixão. Há sempre alguma coisa sendo trocada e onde ninguém perde, especialmene quando se tem 80 ou 90 anos…
Para encerrar, uma frase que não é minha. Nem sei o seu autor: "as más línguas falam mal, as boas causam orgasmo".
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.