O etarismo explícito nas críticas a Joe Biden
- A imprensa norte-americana, preocupada com a eleição, erra ao verbalizar as falhas de Joe Biden, quando seu dever era mostrar que Trump continua a ser o que sempre foi: um celerado, disposto a destruir os EUA.
O etarismo, mais do que nunca, está em alta. Mesmo os que se consideram politicamente corretos estavam ontem na posição de disseminadores de um preconceito que precisa ter um freio. Essa tempestade de questionamentos sobre a idade e a capacidade de um homem estar em posição de comando foi estimulada pelo desempenho pífio do presidente Joe Biden, no debate contra Donald Trump.
É verdade que Biden teve lapsos de memória, mas como enfrentar um homem sem escrúpulos, determinado a destruir reputações e a mentir durante 90 minutos, sem se abalar?
Mais desalentador do que as falhas de Biden foi a forma como a imprensa em geral tratou o assunto - como se o problema fosse Biden e não o show de mentiras - mais um - protagonizado por Donald Trump.
A preocupação dos norte-americanos é substituir Biden na disputa presidencial "em razão de sua idade avançada". Nesse aspecto, Trump venceu duas vezes, porque se foi melhor no debate, Joe Biden saiu dos estúdios da CNN como cachorro morto, chutado por meios comunicação importantes, como The New York Times e The Washington Post.
Não são os 80 e poucos anos que talvez possam impedir que Biden permaneça como candidato democrata no enfrentamento com Donald Trump. É o preconceito contra a velhice, como se ser velho não representasse conquista, conhecimento, experiência.
Falta estrategistas mostrarem aos norte americanos que essa luta é do bem contra o mal. Falta a grande imprensa, que se diz preocupada em preservar valores democráticos do país, verbalizar as falhas morais de Donald Trump, que contaminam o debate público e ameaçam a democracia.
A imprensa norte-americana e do resto do mundo, preocupada com a eleição nos Estados Unidos, não pode enterrar Joe Biden, nem verbalizar suas falhas, mas mostrar que Trump continua a ser o que sempre foi: um celerado, disposto a destruir tanto seus adversários políticos como os EUA.
Neste momento não é Joe Biden e sua idade o problema. Mas uma imprensa caolha, que joga ao lado de Trump, na medida em que dimensiona as falhas de Biden. Hora de acordar.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.