O fracasso do governo na repressão ao garimpo ilegal
A Polícia Federal e o Ibama já destruíram centenas de dragas nos rios da Amazônia apenas este mês e o problema do garimpo ilegal continua. A reação dos garimpeiros, atirando contra os agentes federais, é um fato novo e perigoso. Aponta para confrontos que claramente não estavam previstos pelas autoridades e já ameaçam a segurança de cidades como Humaitá, no Amazonas, onde o tiroteio ocorreu em praça pública.
A questão parece muito clara: o governo federal não tem sabido administrar um problema criado pela sua inércia, sua falta de capacidade de proteger áreas indígenas, onde se concentra a exploração ilegal de minerais.
Pior é a estratégia - ou a falta dela - de inibir a ação dos garimpeiros, destruindo balsas e o que encontra pela frente, utilizando bombas e produzindo mais poluição: a fuligem provocada pelos incêndios é altamente tóxica e a grande quantidade de mercúrio, armazenada nessas dragas, acaba contaminando os rios.
Quer dizer, na busca de resolver um problema, cria-se outro, tão grave quanto o primeiro.
Parece ter chegado a hora de buscar entendimento com os garimpeiros, através de seus sindicatos e associações, definindo áreas onde poderão atuar sob a fiscalização federal.
Ou então continuar essa repressão de resultados pífios, que aumenta o potencial de agressão ao meio ambiente, cria uma situação de hostilidade que cresce inclusive envolvendo população ribeirinha e de cidades ao longo dos rios da região.
O fato é que alguma coisa de concreto precisa ser feita, porque o que está sendo feito é de um improviso elementar.
ASSUNTOS: Amazonas, dragas incendiadas, garimpo ilegal, Manaus, policia federal
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.