O interesse das organizações criminosas na eleição
- Manaus tem 829 candidatos à Câmara Municipal e quatro grupos criminosos interessados em infiltrar elementos no Legislativo. Essas organizações contam com pelo menos 2.000 bocas - centro de vendas de drogas no varejo, espalhadas pela cidade.
- A capacidade de influenciar o voto dos eleitores é muito grande
A presença de organizações criminosas na maioria dos municípios do Amazonas é um caso grave de segurança pública, mas um tema que não vem sendo abordado pelos candidatos a prefeito. Talvez porque tenham a ideia equivocada de que se trata de um problema para ser resolvido na esfera estadual. Não consideram que a governança do município é do prefeito, com autoridade sobre todo o território.
Na medida que uma organização criminosa se apropria de um bairro da cidade, é a autoridade do prefeito que está sendo afrontada e com ela todas as instituições constituídas para o equilíbrio social: o Poder Legislativo, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público...o Executivo estadual.
Mas a própria Justiça Eleitoral falha ao não criar instrumentos para identificar candidatos a vereador ligados a essas organizações, com notório interesse em participar do processo político e influenciar os governos.
Manaus, por exemplo, tem 829 candidatos à Câmara Municipal e quatro grupos criminosos interessados em infiltrar elementos no Legislativo. CV,PCC, um resquício da FDN e o CDN. Essas organizações contam com pelo menos 2.000 bocas - centro de vendas de drogas no varejo, espalhadas pela cidade.
A capacidade de influenciar o voto dos eleitores é grande.
Nos demais municípios o fenômeno se repete. Não se pode deixar esse problema apenas para o governo estadual. O município tem que ter programas, por meio de parcerias com o Estado e a União, para desalojar essas organizações.
O eleitor merece viver numa cidade com liberdade e sem regras, senão aquelas escritas, que garantem direitos, cidadania, respeito, liberdade de ir e vir sem ser molestado pelos xerifes do tráfico.
ASSUNTOS: CDN, CV, eleição 2024, FDN, PCC, Piratas do Solimões
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.