O medicamento roubado e o crime de tortura
- O caso não é apenas de roubo. Subtrair medicamento que poderia amenizar a dor de pessoas, curar ou atenuar suas enfermidades é um crime hediondo. É semelhante a tortura, um atentado à saúde pública e deve ser punido com rigor.
Quando se fala que a saúde vai mal costuma-se apontar o dedo para o governo. Mas governo é feito de pessoas - e são milhares - a grande maioria focada no interesse público, outra parte se aproveitando de funções de confiança para promover desvios, frustrar ações do próprio governo ao qual deveriam servir e atingir o cidadão.
O desvio de toneladas de medicamentos das unidades hospitalares de Manaus e a prisão de servidores pela polícia é o início do desmonte de uma quadrilha que atua há muitos anos numa área vital e que se não vai bem é porque na ponta há servidores mal intencionados.
A queixa da falta de medicamentos nos hospitais despertou a desconfiança de que havia algo de errado e o governador Wilson Lima determinou uma investigação que resultou nas prisões desta terça-feira.
Surpreendeu o montante desviado - mais de duas mil toneladas apreendidas, mas esse número pode ser muito maior.
O remédio, que deveria chegar ao cidadão assistido na rede hospitalar estadual, acabava nas mãos de empresários que os revendiam.
O caso não é apenas de roubo. Subtrair medicamento que poderia amenizar a dor de pessoas, curar ou atenuar suas enfermidades é um crime hediondo. É semelhante a tortura, um atentado à saúde pública e deve ser punido com rigor.
ASSUNTOS: polícia de Manaus, prisão de servidores, Roubo de remédio
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.