O medo dos outros está matando a gente
- A constatação de que as pessoas estão mais agressivas e desnorteadas é cruel.
Na rua, o medo de quem anda ao lado. No trânsito, uma violência que não para. Há gente disposta a exibir seu lado mais primitivo em todo lugar e a toda hora. Nas redes sociais, os xingamentos dão a medida de uma violência que muitas vezes começa em casa, na relação pais e filhos.
É injusto cobrar dos governos segurança num estado de guerra que nós mesmos criamos.
Esse não é um cenário novo. Se a violência está em todo lugar, inclusive na escola, é preciso redefinir o conceito de segurança pública, onde a polícia deixe de ser o ator principal para atuar como mero coadjuvante.
Então, o que fazer? Os caminhos são diversos, um deles e o mais efetivo é a educação. E, mais uma vez, outra necessidade de mudar o conceito de educar - que não passa necessariamente pela escola, mas pela mudança de mentalidade, de comportamento, de compreensão de direitos, deveres e valores.
A violência também é produto de divisões, não apenas políticas, mas da incompreensão de como exercer certos direitos. Os próprios legisladores instrumentalizam a violência ao criarem direitos que beneficiam apenas um lado na guerra de sexos - o lado que pode mais, inclusive o de acusar sem provas.
O leitor deve estar perguntando as razões pelas quais a coluna tomou hoje outro rumo: é que andando pelas ruas da cidade eu percebi muitas pessoas apressadas e com medo, produto de uma desconfiança do outro que se espalha como um vírus e que também enlouquece e mata.
ASSUNTOS: direitos, Segurança Pública, violência
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.