O nativismo português e a reação de Beto Simonetti
Causou surpresa a decisão da Ordem dos Advogados de Portugal de romper acordo com a OAB para inscrição de advogados brasileiros. O comunicado foi seco: acabou a reciprocidade.A questão não está ligada a qualidade dos cursos de direito no Brasil, que é notoriamente precária, mas a uma onda de xenofobia crescente na Europa e da qual Lisboa não está imune.
O amazonense Beto Simonetti, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, reagiu com indignação e pediu explicações, que obviamente não serão dadas.
O caso, entretanto, abriu margem para críticas internas aos cursos de direito e ao volume de bacharéis diplomados todos os anos. Mas isso é um problema à parte, porque o próprio mercado de trabalho se encarrega de fazer a triagem dos melhores.
O problema é o nativismo português e o medo da competição em um mercado de trabalho no qual eles - os portugueses - têm mais a ganhar do que os brasileiros. São centenas de advogados portugueses inscritos na OAB atuando no Brasil. Portanto, o que Portugal quebra é a reciprocidade. A OAB precisa adotar a mesma medida, como resposta a uma decisão descompensada e unilateral.
ASSUNTOS: BETO SIMONETTE, OAB
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.