O novo normal no Brasil é a polarização
A criação de comissões pelos ministérios públicos estaduais para identificar grupos de pessoas que participaram de atos ‘antidemocráticos’ é revelador de um tempo em que a polarização é o novo normal. E que não há um sinal encorajador de pacificação pelo novo governo. Há, sim, de um lado, os fracassados ‘que atentaram contra a democracia’. De outro, os ressentidos, que procuram meios de vingança.
Os primeiros conspiraram; os segundos montam comissões que mais parecem polícia política para caçar os que cometeram atentados contra o Estado. O risco é o Brasil estar ressuscitando, através de suas comissões ou ‘Salas de Atendimento ao Cidadão”, uma espécie de Tcheka’, a polícia secreta bolchevique, que iniciou na Rússia em 1918 com grupos de inteligência que monitoravam e perseguiam contrarrevolucionários.
Para quem foi buscar a tentativa de apaziguamento implementada por Neville Chamberlain com Adolfo Hitler, em 1945, é exemplar lembrar como a violência se torna a força do Estado, com intrigas, perseguições, monitoramentos, cerceamento de liberdade, prisões sem o devido processo legal.
A estrada aberta para vingança, ressentimentos, inveja, ódio, intrigas não tem duas vias. É imensa e perigosa. Por ela passam os dois extremos. Em algum momento isso vira um caos.
Tudo o que não se deseja, tudo o que não queremos. Mas sem a busca do apaziguamento, da pacificação, o futuro é cada vez mais incerto.
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, brasília, democracia, Lula, STF, terrorismo, vandalismo
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.