Compartilhe este texto

O pacote de maldades que os deputados do Amazonas aprovaram


Por Raimundo de Holanda

12/07/2019 21h47 — em
Bastidores da Política



Na prática, o governador Wilson Lima ‘soltou os cachorros’ pra cima dos servidores, com a líder Joana Darc sendo vaiada com uivos e latidos ao defender o projeto do governo. Mas  não estava sozinha: outros 12 deputados a seguiram e o pacote de maldades acabou aprovado.

Servidores que lotaram as galerias  da Assembleia Legislativa saíram revoltados com o ‘pacote de maldades’ aprovado por 13 parlamentares.  A mesma Assembleia Legislativa que  atuou como avalista nas negociações entre governo e professores em março, agora seguiu outra linha, com os parlamentares mudando o discurso, o que demonstra que o governo quebrou o isolamento no Legislativo e já conta com expressiva maioria, disposta a negar o ontem e mandar que esqueçam o afago que faziam aos servidores que pleiteavam reajustes salariais.

A Lei Complementar nº 9/2019, votada a toque de caixa - não foi discutida em comissões da casa - limitou os gastos do governo e congelou os salários dos servidores até 2021, inclusive aumentos  já aprovados em lei e ainda não pagos.

O governo diz que a medida não atinge as data base ja concedidas, mas não alterou - nem os deputados o fizeram - o Artigo  2o da mesma Lei Complementar, que diz textualmente que "o governo pode suspender aumentos remuneratórios de caráter continuado, inclusive os já concedidos”.

Na prática, o governador Wilson Lima  ‘soltou os cachorros’ pra cima dos servidores, com a líder Joana Darc sendo vaiada com uivos e latidos ao defender a lei. Foi a resposta dos servidores a parlamentar conhecida  pela defesa de animais abandonados...

O QUE PODE ESTAR POR TRÁS DO PACOTE

Ao tempo em que congela os salários, o pacote aprovado pelos parlamentares libera desvinculação de verbas e operações de crédito, como um empréstimo de 400 milhões com cobertura dos royalties do petróleo e gás.

Com a ‘economia’ dos reajustes salariais e a concentração em mãos de recursos desvinculados de setores como a produção, o governo impõe o controle total dos municípios do interior.

Uma análise política mais apurada aponta para uma estratégia da ‘velha política’ que é fazer os prefeitos “comerem o milho na mão” e encherem de votos o camburão do governante.

Mas se o pacote  atende necessidades políticas a administrativas do governo, cria um clima de beligerância que coloca servidores de um lado e o governo de outro, o que é muito perigoso. O estado é uma máquina. Sem o pessoal do produção trabalhando com afinco ela não funciona. É o que começa a acontecer.

Siga-nos no

ASSUNTOS: Aleam, Amazonas, corte de gastos, Manaus, salários congelados, servidores, votação

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.