O pecado de Sérgio Moro
- Julgamento do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro pelo TSE deixa de ser político por que coloca no banco dos réus todo o sistema de justiça…
O ex-juiz e atual senador Sérgio Moro vive o seu pior pesadelo. Figura chave da Operação Lava Jato e responsável por um implacável combate à corrupção, vai a julgamento nos próximos dias pelo Tribunal Superior Eleitoral, acusado de “abuso de poder econômico”.
Não é exatamente o gasto de campanha para o Senado, considerado excessivo - pouco mais de R$ 2 milhões - que vai pesar nesse julgamento, mas a pressão de um poder maior, que envolve políticos, grandes empresários e magistrados dispostos a tirar-lhe o mandato.
Será o primeiro castigo. O que virá depois pode ser ainda mais cruel.
E o presidente Lula poderá dormir em paz. Afinal, declarou que só estaria bem quando “eu foder com esse Moro”.
Entenda-se a intenção do presidente, de desqualificar, arruinar, destruir o ex-juiz...
Mas se a intenção é essa, Moro não estará sozinho no banco dos réus apenas pelo crime eleitoral de ter gastado mais do que o legalmente permitido, mas o que ele fez como juiz da 13a Vara de Curitiba.
As decisões de Moro enquanto magistrado, podem conter erros, mas foram avalizadas pela Tribunal Regional Federal da 14a Região e pelo Supremo Tribunal Federal.
Empresários fizeram delações, confessaram crimes e se comprometeram a pagar multas milionárias. O próprio STF negou habeas corpus ao atual presidente, condenado a prisão na primeira e segunda instâncias por crime de corrupção.
O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, chegou a afirmar, na época, que o PT “instalou um modelo de governança corrupta”, que ele chamou de “cleptocracia”, ou governo de ladrões.
O que, afinal, mudou? O poder corrupto, colocado no canto do ringue, começou a reagir, transformando heróis em bandidos e bandidos em heróis. Já vimos esse filme antes.
ASSUNTOS: Lava Jato, PT, Sérgio Moro, TSE
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.