O povo está insatisfeito e há uma onda que precisa ser contida
- Apaziguamento não é esquecimento. É a busca de resolver conflitos, o que não significa deixar de punir quem errou.
- A sociedade brasileira não pode continuar nesse impasse. A corda que o sistema judicial está puxando começa a se partir. E, se partir, o Brasil entra em colapso.
Você quer saber o que as pessoas comuns estão pensando sobre política, economia, não vá atrás de pesquisas. Entre em um táxi várias vezes durante o dia, vá à feira e ouça o que as pessoas dizem. Não será surpresa você sair desses locais achando que o Brasil já vive uma revolução - que as pessoas estão insatisfeitas e que, nunca como agora, elas sentem raiva dos políticos.
Eu fiz isso em São Paulo, onde estive recentemente e fiquei assustado com o grau de hostilidade ao governo e ao Supremo. Isso é grave. Mostra uma sociedade tomada pelo rancor e ninguém capaz de deter essa onda.
Se de uma parte - o governo, Supremo, Congresso - falta tolerância, de outra existe uma disposição para o caos.
Na prática há uma guerra de narrativas e o governo e suas instituições estão perdendo. Também está perdendo a democracia - se ninguém é capaz de conversar.
Apaziguamento não é esquecimento. É a busca de resolver conflitos, o que não significa deixar de punir quem errou.
A sociedade brasileira não pode continuar nesse impasse. A corda que o sistema judicial está puxando começa a se partir. E, se ruir, o Brasil entra em colapso.
É preciso escutar mais a sociedade, é preciso deixar que os políticos resolvam questões de natureza legislativa e que o Judiciário, a joia da coroa, se recolhe para o lugar onde deveria estar: a proteção da Constituição. O Judiciário é para ser exaltado pela isenção de seus juízes, amado, venerado, não odiado.
A democracia reside na separação de poderes - que garante as liberdades individuais e os direitos fundamentais. Direito ao devido processo legal e a ampla defesa a qualquer cidadão.
A raiva, a frustração, a hostilidade e o rancor de uns poucos não podem colocar tudo o que conquistamos em risco. É hora de conversar. É hora de apaziguar.
O tempo do entendimento está acabando...
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Dieita, Lula, STF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.