O preço do agrado do governo aos policiais
R$ 300, R$ 1.000 e R$ 20.000 de gratificação por arma apreendida
O governo do Amazonas decidiu pagar entre R$ 300 e R$1.000 a policiais civis e militares da ativa que apreenderem armas de fogo em situação irregular. A medida tem méritos - e pode, em tese, contribuir para redução da violência, mas a gratificação proposta é imprópria. Primeiro, porque o policial é pago para manter a ordem, prender pessoas que subvertam essa mesma ordem e fazer apreensões de material ilícito, sem origem ou registro. Segundo, porque cria um novo modelo de desperdício e descaracterização do verdadeiro papel do policial.
Num ano de crise fiscal, falta de recursos para melhorar a saúde e outros problemas, como o atraso no pagamento do 13o salário dos servidores, a medida soa exagerada e de alto risco, com o policial visando uma causa, que embora pública, acaba se tornando pessoal devido o valor monetário envolvido.
Ademais, somente neste ano foram apreendidas 1,7 mil armas. É só multiplicar esse número pelas gratificações estipuladas para encontrar o tamanho do rombo que essa história vai causar aos cofres do Estado. E é hora de perguntar : O Amazonas vive ou não uma crise orçamentária sem precedentes? Se vive, o governo consegue passar outro cenário, com dinheiro sobrando, inclusive para pagar um prêmio anual de R$20 mil aos policiais que mais vezes receberem as recompensas ao longo do ano.
ASSUNTOS: Amazonas, Manaus desarmamento, Manaus desarmamento, policial terá gratificação ao apreender armas
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.