O que JP e Perseverando podem revelar à CPI
Os depoimentos nesta sexta-feira de Joao Paulo Marques ( o JP) e Perseverando Garcia, todos oriundos dos quadros da Defensoria Pública, e que desembarcaram sem nenhuma experiência administrativa em cargos executivos na Susam, podem trazer complicadores adicionais para o governo Wilson Lima. JP e Perseverando são considerados peças-chaves no escândalo da compra superfaturada de respiradores pelo Estado.
Documentos levantados pela CPI da Saúde revelam que eles autorizaram a compra e indicaram a empresa fornecedora dos aparelhos. A questão é se assumirão isso sozinhos ou se indicarão que apenas cumpriam determinação superior.
O ônus da culpa é gravíssimo. Poderão responder por improbidade, advocacia administrativa e outros crimes.
Como a CPI seguiu o caminho do dinheiro - o financiamento à empresa que forneceu os aparelhos foi feito pelo dono de uma rede de supermercados, condenado pela Justiça Federal a mais de 20 anos de prisão por crimes envolvendo fraudes em licitações, agora a investigação se debruça sobre um possível esquema de lavagem de dinheiro.
A CPI deve pedir ainda nesta sexta-feira a quebra do sigilo fiscal e bancário de JP e Perseverando.
Se alguém aventou a ideia de sacrificar JP e Perseverando, não avaliou o estado catatônico em que se encontram, provocado pelas pressões que vêm sofrendo, principalmente de amigos e familiares. Há o futuro de filhos agora cercado de incertezas, estilos de vida e uma história bem contada de honestidade e amor ao serviço público, que podem ir para a lixeira.
JP e Perseverando poderão, no depoimento que prestarão nesta sexta à CPI, perseverar na honestidade e na história de vida que os amigos contam deles. Ou assumir uma culpa que talvez não seja deles.
ASSUNTOS: Amazonas, CORONAVÍRUAS, covid 19, cpi da saúde, fraude, respiradores
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.