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O que Manaus perdeu


Por Raimundo de Holanda

03/12/2023 19h02 — em
Bastidores da Política


  • Era possível, com alguma visão estratégica da Amazônia, que o governo Lula não tem, um evento da grandeza da COP 30 ser realizado simultaneamente em Belém e Manaus…
  • O que Manaus não buscou, não ganhou e está perdendo é a oportunidade de melhorar a qualidade de vida de seus habitantes .

Belém vai dar um salto como capital da Amazônia com a COP 30. Os investimentos via BNDES na capital paraense está estimado em R$ 5 bilhões. Adicionado a recursos privados, especialmente da maior mineradora do Estado, a Vale, o montante pode se aproximar dos R$ 10 bilhões.  

Belém foi indicação política. Não tem a estrutura hoteleira de Manaus. O que pesou foi o fato de o governador do Pará, Jader Barbalho, não ser bolsonarista e o Amazonas ter feito pouco ou nenhum esforço para sediar o evento.

Mesmo assim era possível, com alguma visão estratégica da região, um evento dessa grandeza ser compartilhado entre as duas cidades.

Para além da pequenez que campeia e traça os destinos da Amazônia e do País, é preciso chamar a atenção para o fato de que empresas multinacionais com passivo de desmatamento e emissão de gases na região estarem patrocinando a COP, o que sinaliza que a situação atual é de difícil transformação. Mas ainda que mude, a que preço?

A importância da COP não está restrita a discussão de mudanças climáticas e preservação do meio ambiente. É um evento de repercussão mundial, talvez mais importante que uma Copa do Mundo. Tem o potencial de gerar empregos, oportunizar vitalidade à cidade organizadora, com melhoria de infraestrutura e geração de empregos.  

O que Manaus não buscou, não ganhou e está perdendo é a oportunidade de melhorar a qualidade de vida de seus habitantes . 

Enquanto escolhas forem políticas, sempre vai valer aquele ditado que saiu dos escaninhos da Lava Jato: Vale interesses, amizades. É beneficiado quem tem amigo. Ainda que esse amigo não seja seu, mas “amigo de um amigo de meu pai”.

 

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ASSUNTOS: Amazônia, belém, CLIMA, COP 30, Manaus, meio ambiente

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.