O 'ruído' da suposta greve dos médicos
- A saúde não pode continuar sendo o calcanhar de Aquiles de um governo que tem tentado acertar, mas erra no diagnóstico de problemas antigos que tardiamente tenta resolver.
ouça este conteúdo
|
readme
|
Havia muito "ruído" em torno de eventual paralisação de médicos ortopedistas entre o Natal e a passagem do ano, quando a demanda por essa especialização cresce na rede de saúde. A reunião promovida pelo Ministério Público com o governo e o Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Amazonas serviu para desfazer os boatos, mas informações falsas sobre greve deixaram a população apreensiva.
É evidente que há uma insatisfação dos médicos com a mudança de administração das unidades hospitalares da Zona Sul, que envolve o pronto-socorro 28 de Agosto e o Instituto Dona Lindu, o que terá consequências futuras. Mas prevaleceu, como se esperava, o juramento profissional, "de que nada, nem estatuto social ou qualquer outro fato deve se interpor entre o dever de tratar e servir aos pacientes".
Mas há demandas reprimidas que devem ser discutidas futuramente. A troca abrupta da administração das unidades causou apreensão e certamente afetou os médicos, gerando a boataria que se seguiu.
O governador Wilson Lima tentou o melhor. E mudar era necessário, mas faltou diálogo com os profissionais, um processo de transição menos traumático, mesmo considerando que a secretaria de Saúde vê resultados, como a economia mensal de R$ 10 milhões, embora saúde seja uma área em que economizar é irrelevante, quando há resultados. Relevante é gastar bem e colher frutos sadios.
A saúde não pode continuar sendo o calcanhar de Aquiles de um governo que tem tentado acertar, mas erra no diagnóstico de problemas antigos que tardiamente tenta resolver.
Leia também
Risco de paralisação no 28 de Agosto é descartado em reunião de emergência convocada pelo MPAM
ASSUNTOS: greve dos médicos, hospital 28 de Agosto, Instituto Dona Lindu, Manaus, MPE

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.