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O ruído das redes não pode ser abafado. É o povo falando...


Por Raimundo de Holanda

22/01/2023 20h04 — em
Bastidores da Política



Agora cada brasileiro tem um poder de persuasão tão grande quanto a velha mídia. Por isso precisa ser ouvido exatamente onde Lula acha perigoso: a rede, onde se disseminam ideias, verdades, sonhos, mentiras e conspirações.  A velha imprensa, que está aí, mapeando as fake news, não é diferente. Nunca foi. Sempre mentiu - é só buscar os escândalos que criou - como o da Escola Base ...

Você deve estar cansado das questões relacionadas ao novo governo apresentadas aqui. Mas são relevantes. Dizem respeito à sua vida, a sua liberdade, ao seu emprego, aos seus sonhos e ao País que você deseja para os seus filhos.

Não se trata de ser bolsonarista. Lula ainda não entendeu que grande parte dos  brasileiros que se opõem ao seu governo são anti-Bolsonaro, que rejeitam as ideias retrógradas do ex-presidente. São parte de um Brasil mais maduro, que Lula não conhece.

Lula foi eleito e contestar esse fato é de uma inconsequência escandalosa. Mas não gostar dele, não é crime. Crime é conspirar contra um presidente eleito legitimamente. Mas não é crime fazer oposição ao seu governo, que parece ter tudo para  não dar certo - pelo aparelhamento ideológico, pela  intransigência, pelas ameaças veladas à liberdade de expressão e opinião, pela ideia de banir ou calar os que pensam diferente.

Lula não conseguiu até agora sequer pacificar as Forças Armadas. Pacificar o País é mais difícil: exige resiliência, capacidade  de  se adaptar as mudanças pelas quais o Brasil passou nos últimos 20 anos.  Não adianta buscar aplausos no exterior, deve correr atrás de aplausos entre seus concidadãos, que falam sua língua, mas não entendem seus métodos  e precisam compreender a forma como vai governar.

O Brasil é outro. Em 20 anos mudaram sonhos, visão de mundo. A informação chegou mais rápido, o monopólio da velha imprensa - que Lula equivocadamente ainda ouve e cujos elogios e conselhos segue como um credo, acabou.

Agora cada brasileiro tem um poder tão grande quando a velha mídia. Por isso precisa ser ouvido exatamente onde Lula acha perigoso: a 'Rede', onde se disseminam ideias, verdades, sonhos, mentiras e conspirações.

A velha imprensa, que está aí, mapeando as fake news, não é diferente. Nunca foi. Sempre mentiu - é só buscar os escândalos que criou - como o da Escola Base de São Paulo e do caso da compra de bicicletas supostamente superfaturadas pelo ministro do governo Collor, Alcenir Guerra. Mataram civilmente o ministro, que renunciou e depois foi provado que era inocente.

Fecharam a escola Base de em São Paulo  depois de um escândalo criado pela imprensa, especialmente pelo O Globo, de que Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, donos de um creche abusavam sexualmente dos alunos. Mentira, depois comprovada.

Ironicamente, o Globoplay, da mesma Globo, resgatou recentemente a história em um documentário. Sem pedidos de desculpas do grupo.

A questão da mentira é mais grave quando passa de fofoca das redes para a chamada mídia profissional, que mata civilmente brasileiros e nada se diz.

Lula precisa ouvir o chiado das redes, o murmúrio dos que não tinham voz, os anônimos que ganharam nome, os que se engajaram para ouvir e falar. O Brasil é um País diferente. Lula deve acostumar-se com ele. O Brasil precisa se acostumar com Lula. Mas cabe a Lula a iniciativa de ouvir, conversar, contemporizar. Fazer a liga que está faltando...

Veja também:

Caso Escola Base: a notícia falsa de pedofilia

Alceni Guerra: a denúncia sobre superfaturamento de bicicletas 

 

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ASSUNTOS: Bolsonaro, internet, Lula, morte civill, redes sociais

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.